Lição 05
UM HOMEM DE
DEUS EM DEPRESSÃO
Texto Áureo: II Co. 4.8,9
– Leitura Bíblica: I Rs. 19.2-8
Marcio Nascimento B.a Thm 0556/02
INTRODUÇÃO
A depressão é considerada por muitos especialistas da área da saúde
como o mal do século. Essa condição psicológica afeta a pessoa como um todo –
corpo, alma e espírito. Na aula de hoje mostraremos que homens e mulheres de
Deus também podem ser acometidos de depressão. Mas a depressão não é o fim,
existe possibilidade de cura, apesar de tudo é possível encontrar alegria.
1. DEPRESSÃO, UMA ANÁLISE
PRELIMINAR
Existem muitos equívocos
em relação à depressão, o primeiro deles é achar que esta é decorrente de
pecado. Qualquer pessoa pode passar por desequilíbrio químico no corpo,
principalmente na velhice. A depressão somente é resultante de pecado quando
essa é decorrente de escolhas erradas. É possível também que o distanciamento
de Deus contribua para o agravamento do quadro. A opção pela ira e amargura, ao
invés do perdão, pode contribuir para a depressão. A depressão pode ser
pecaminosa quando for usada para manipular as pessoas, bem como culpar Deus e
outros pela infelicidade. Dentre os sintomas da depressão destacamos:
diminuição do prazer em atividades usuais; mudanças significativas do apetite
ou de peso, fadiga ou perda de energia; diminuição da habilidade de pensar com
clareza, avaliar e se concentrar; movimentos mais lentos ou agitados; aumento
ou perda do sono; sentimentos de inutilidade ou de culpa excessiva e
pensamentos suicidas. Existem casos de depressão que precisam ser tratados por
especialistas, e nada há de pecado nisso, pois as condições físicas podem
influenciar na depressão. Há situações que a depressão pode ser tratada com
eficácia por um psicólogo ou psiquiatra. Ainda há muito preconceito no meio
evangélico a esse respeito. Isso porque alguns cristãos confundem depressão com
falta de espiritualidade. Entre os fatores físicos que contribuem para a
depressão destacamos: desequilíbrio hormonal (alterações químicas no cérebro
durante a puberdade, pós-parto, menopausa); medicamentos (analgésicos, esteroides
e anticoncepcionais); doenças crônicas (deficiência na tireoide); temperamento melancólico (pessoas analíticas e
críticas); alimentação inadequada (associada à falta de repouso e de exercício
físico) e vulnerabilidade genética (pessoas com histórico familiar têm
propensão).
2. HOMENS E MULHERES DE
DEUS SE DEPRIMEM
Homens e mulheres de Deus também são vulneráveis à depressão, existem
vários exemplos bíblicos disso, o mais conhecido dele é o do profeta Elias, a
partir do qual podemos extrair algumas lições. A situação de Elias não pode ser
generalizada, mas contribui para compreender alguns casos de depressão. Diante
da ameaça de Jezabel, o profeta do Senhor deixou de ver as coisas claramente, a
partir do ângulo de Deus. A esposa do rei Acabe poderia até marta Elias, mas
não seria capaz de exterminá-lo, pois Deus é o dono da vida. Ele está sempre no
controle das situações, mas nem sempre atentamos para essa verdade. Elias
também se afastou de relacionamentos encorajadores. Ele se distanciou do “seu
moço” e “foi ao deserto, caminho de um dia”. A ausência de pessoas que
influenciem positivamente, e a presença de outras que o fazem negativamente
pode levar à depressão. O profeta havia sido vitorioso no Monte Carmelo, mas
não se apercebeu da sua conquista, focou o seu olhar em outra direção. Ele
também ficou exausto e emocionalmente abalado, o estrasse o conduziu àquele
estado. Por fim, ele se entregou à autocomiseração, colocou-se como vítima,
achando que era melhor do que seus pais. Deus encontrou Elias naquela condição,
e o conduziu para que saísse daquela situação. A princípio permitiu que ele
tivesse um momento de descanso. Em seguida, falou com ele, indagando-o sobre
sua angústia, levando-o a verbalizá-la (I Rs. 19.9,10). Deus atuou na vida de
Elias a fim de tirá-lo daquela situação: 1) dando-lhe refrigério físico,
providenciando-lhe descanso, comida e bebida; 2) o desafiou mentalmente a olhar
para si mesmo, e verbalizar suas preocupações; 3) fortaleceu-lhe emocionalmente
mostrando o Seu poder; 4) deu-lhe uma atribuição a fazer e o encorajou a
retornar ao trabalho; e 5) providenciou para ele uma companhia para ficar ao
seu lado.
3. COMO LIDAR COM A
DEPRESSÃO
As familiares da pessoa deprimida deve compreender a situação e ter o
cuidado para não fazer julgamentos. Conforme já destacamos anteriormente,
qualquer pessoa, inclusive um cristão dedicado, pode ficar deprimida. A própria
depressão não significa que uma pessoa não está em comunhão com Deus. Pode
acontecer justamente o contrário, a situação pode ser usada para aproximar mais
a pessoa de Deus. O mundo no qual nos encontramos é deprimente, por isso não é
incomum as pessoas irem da euforia e hiperatividade para a tristeza. Elias
ficou decepcionado, inclusive com Deus, e isso intensificou sua depressão. Até
mesmo algumas igrejas locais podem contribuir para a depressão. Contextos
eclesiásticos marcados pela competitividade, isolamento e ostentação favorecem
a depressão. Isso porque a depressão distorce a realidade, as pessoas ficam
emocionalmente abaladas porque não conseguem alcançar os padrões exigidos pelo
contexto. Precisamos aprender a relaxar e encontrar refrigério em Deus, Ele nos
dará força suficiente para a restauração. O período da depressão é mais susceptível
aos ataques de Satanás, o inimigo se aproveita quando estamos fracos e
debilitados (Mt. 4.1-11). A ansiedade, aliada à depressão, pode aumentar o
problema, por isso, é preciso aprender a depender cada vez mais de Deus, e
menos das condições materiais (Mt. 6.25; Fp. 4.6,7). Para ajudar uma pessoa deprimida, é
preciso estudar a respeito da depressão, para evitar julgamentos precipitados
(Pv. 23.12); identifique se há intenções suicidas, ainda que a pessoa não goste
(Pv. 18.21); e afaste as prováveis possibilidades de que isso venha a acontecer
(Pv. 18.4); seja um parceiro compreensivo, não a abandone (Ec. 4.9); converse
sempre que possível com essa pessoa, mesmo que seja por telefone (Pv. 16.21);
dê oportunidade para a pessoa se expressar, valorize esses momentos (Tg. 1.19);
não tenha receio de falar sobre a depressão, conversar ajuda bastante (Pv.
25.11); o encorajamento também (I Ts. 5.11).
CONCLUSÃO
Elias passou pelo vale angustiante da depressão, muitos, ao longo da
história, têm seguido o mesmo percurso. Deus pode atuar na vida das pessoas,
mesmo aquelas que são susceptíveis à depressão. Os conflitos do cotidiano, semelhantes
àqueles pelos quais o profeta passou, podem resultar em tal condição. Mas
precisamos avaliar cada caso, se necessário, procurar um especialista, mas não
deixar de confiar em Deus, pois Ele pode nos dar o refrigério providencial para
encontrarmos “uma luz no fim do túnel”.
BIBLIOGRAFIA
RUSSEL, D. Men of courage: a study of Elijah and
Elisha. Oxford:
Christian Focus, 2011.
SWINDOLL, C. R. Elias: um homem de heroísmo e
humildade. São Paulo: Mundo Cristão, 2001.
20 de janeiro de 2013
Lição 04
ELIAS E OS
PROFETAS DE BAAL
Texto Áureo: I Rs. 18.21
– Leitura Bíblica: I Rs. 18.36-40
Marcio Nascimento B.a Thm 0556/02
INTRODUÇÃO
A apostasia em Israel era manifestada pelo sincretismo religioso, isto
é, a mistura de crenças. Nestes dias esse tipo de pensamento predomina,
principalmente no contexto da pós-modernidade. Veremos, na lição de hoje, que
os profetas de Baal precisavam ser confrontados por Elias. E que, atualmente,
devemos assumir uma posição profética, nos opondo a posicionamentos contrários
à Palavra de Deus.
1. O SINCRETISMO BAALISTA
EM ISRAEL
Baal, cujo nome significa
“senhor ou marido” em hebraico, era uma divindade cananéia (I Cr. 5.5; 8.30;
9.36) adorada por alguns israelitas, inclusive nos tempos do rei Acabe. Esse
deus era cultuado conjuntamente com a natureza, associado à fertilidade, por
isso tinha a ver com o raio e a chuva. O povo de Israel desenvolveu uma espécie
de sincretismo, uma confluência de crenças. Algumas pessoas queriam,
simultaneamente, adorarem a Yahweh e a Baal. O confronto profético se fez
necessário a fim de distanciar o povo da apostasia. O povo estava confuso,
dividido entre dois pensamentos. A assimilação do baalismo pelos israelitas
resultou de uma série de fatores, dentre eles: o casamento misto com os
cananeus, em sua expressão mais grave do rei Acabe com Jezabel; a participação
em festas pagãs, e que fomentavam pecados sexuais; e as flexibilizações das
religiões cananeias, em oposição às exigências da fé judaica. O sincretismo
religioso entre baalismo e judaísmo pode ser identificado nas seguintes
passagens: Jz. 2.1-5; 2.11-13,17,19; 3.5-7; 6.25). A própria combinação de
palavras revela a combinação entre o Deus de Israel e o deus dos cananeus:
Jeeubaal (Jz. 7.1); Beeliada (I Cr. 14.7); Es-Baal e Meribe-Baal (I Cr.
8.33,34). Em I Rs. 18, identificamos o cúmulo do sincretismo religioso em
Israel. Deus levantou um profeta fiel e corajoso para confrontar os profetas de
Baal, a fim de evitar que o povo fosse tomado pela idolatria.
2. O CONFRONTO DE ELIAS
CONTRA OS PROFETAS DE BAAL
Diante dos descalabros do rei Acabe e da rainha Jezabel, fomentando a
idolatria em Israel, Elias propôs um confronto com os profetas daquela
divindade cananéia. Ele convida todos a se apresentarem no monte Carmelo,
também os quatrocentos e cinquentas profetas de Baal e os quatrocentos profetas
do poste-ídolo (I Rs. 18.19). O objetivo do profeta do Senhor era revelar que
de fato era o verdadeiro Deus, já que o povo se encontrava dividido entre dois
pensamentos. Por isso indagou Elias: “Se o SENHOR é Deus, segui-o; se é Baal,
segui-o. Porém o povo nada lhe respondeu” (I Rs. 18.21). Isso mostra que a apostasia já estava
generalizada, e falta de compromisso com Deus. Elias orientou para que novilhos
fossem postos sobre a lenha, sem que fosse colocado fogo, Yahweh e Baal deveriam
ser invocados, o que respondesse com fogo seria o verdadeiro Deus (I Rs.
18.22-26). O povo gostou da ideia, aprovou o confronto, e os profetas de Baal
clamaram à divindade, que não respondeu, eles manquejavam ao redor do altar,
sem êxito. Diante da falta de resposta de Baal, os profetas se flagelaram, o
profeta de Deus os tratou com sarcasmo: “Clamai em altas vozes, porque ele é
deus; pode ser que esteja meditando, ou atendendo a necessidades, ou de viagem,
ou a dormir e despertará” (I Rs. 18.27). Em seguida Elias provoca os profetas,
restaura o altar do Senhor, arma a lenha, pede para que derramem água sobre
esta e ora ao Deus de Israel (I Rs. 18.36-37). A resposta foi que “caiu fogo do
SENHOR, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e a terra, e ainda
lambeu a água que estava no rego. O que vendo todo o povo, caiu de rosto em
terra e disse: O SENHOR é Deus! O SENHOR é Deus!” (I Rs. 18.38,39).
3. CONFRONTANDO OS ÍDOLOS
MODERNOS
Como Elias, estamos diante de um confronto com a sociedade moderna,
mas somente aqueles que estão no centro da vontade de Deus reconhecem seu
ministério profético. A maioria que conta é a do Senhor, não a dos homens, de
nada adianta serem 850 contra 1, se Deus estiver do lado desse 1. Como o povo
de Israel, não podemos ficar coxeando entre dois pensamentos, divididos, a fim
de sermos politicamente corretos. Precisamos tomar partido, e o partido de
Deus, não o dos homens, para não sermos vomitados da boca de Cristo (Ap.
3.15,16). A maior carência nos dias atuais é a de profetas comprometidos com a
verdade de Deus. Homens e mulheres de princípios, que não se vendam por
dinheiro ou posição. O instrumento dos profetas do Senhor é a Sua palavra, eles
sabem que precisam prestar contas Àquele que é O Senhor, não um senhor. Além da
Palavra, os profetas de Deus não se apartam da oração, sabem que é por meio
desta que o Senhor intervém. A oração foi o recurso que Elias usou para revelar
ao povo quem era o verdadeiro Deus. Os profetas do Senhor não temem os falsos
profetas, e muito menos aos deuses porque suas vidas são consagradas
inteiramente a Deus. É bastante comum hoje os evangélicos ajustarem a Bíblia aos
seus interesses. Ao invés de se ajustarem ao evangelho de Jesus, em toda sua
radicalidade, servem mais aos seus interesses pessoais do que a pessoa de
Cristo. Nestes dias de apostasia, não carecemos de mais evangélicos, mas de
verdadeiros discípulos, que estejam dispostos a carregarem a cruz (Mt.
16.34-28).
CONCLUSÃO
O sincretismo religioso está comprometendo a fé de vários cristãos,
igrejas inteiras estão abrindo mão da palavra, e do Senhor, e se prostrando
perante outros deuses. Mas ninguém pode servir a Deus e a Mamom (Mt. 6.24), só
existe um Deus Verdadeiro, que enviou Jesus Cristo (Jo. 17.3). Jesus é o
Caminho, a Verdade e a Vida, ninguém vai ao Pai se não for por Ele (Jo. 14.6).
Em nenhum outro há salvação, somente em Jesus está a vida eterna (At. 4.12).
Não podemos fazer concessões em relação a essa verdade, que não admite qualquer
tipo de sincretismo.
BIBLIOGRAFIA
GETZ, G. Elias: um modelo de coragem e fé. São
Paulo: Mundo Cristão, 2003.
SWINDOLL, C. R. Elias: um homem de heroísmo e
humildade. São Paulo: Mundo Cristão, 2001.
13 de janeiro de 2013
Lição 03
A LONGA
SECA SOBRE ISRAEL
Texto Áureo: II Cr. 7.14
– Leitura Bíblica: I Rs. 18.1-8
INTRODUÇÃO
Como medida disciplinar, O Senhor, através do profeta Elias,
determinou um período de longa estiagem sobre Israel. Na lição de hoje
estudaremos a respeito desse momento crítico para a nação israelita e suas
consequências. Ao final, refletiremos a respeito das situações de estiagem, das
catástrofes naturais como um todo, à luz do contexto bíblico-teológico.
1. A SECA SOBRE ISRAEL
Baal era adorado entre os
cananeus, e posteriormente, pelos próprios israelitas como deus da fertilidade
(I Rs. 16.30-33). Por isso Elias profetizou que Deus enviaria um período de
seca sobre a nação a fim de que o povo reconhecesse que somente o Senhor era
Deus. A profecia de Elias se cumpriu cabalmente nos dias do rei Acabe (I Rs.
17.1,2; 18.1,2) e é mencionada no Novo Testamento (Tg. 5.17). O objetivo
daquela seca foi fazer com que o povo refletisse a respeito da sua condição
espiritual. Ele estava dividido entre dois pensamentos (I Rs; 18.21,37). Mas durante
o período da estiagem Deus preservou a vida do profeta Elias,
providenciando-lhe alimento necessário para sobrevivência (I Rs. 17.1-7). Inicialmente
o Senhor orientou o profeta para que saísse do lugar no qual Seu juízo se
realizaria (I Rs. 17.3). Em seguida Ele ordenou que o profeta se escondesse
junto ao ribeiro de Querite (I Rs. 17.3). Aqueles foram dias difíceis para os
profetas do Senhor, pois eles eram perseguidos e mortos por Acabe e Jezabel.
Mas dentro do palácio havia alguém sensível às injustiças realizadas por aquele
casal. Obadias ocupava ali uma posição-chave, pois encontrava maneiras para
preservar a vidas dos servos de Deus. O texto bíblico diz que ele “temia muito
ao Senhor”, por isso os escondia, opondo-se aos intentos apóstatas da monarquia
(I Rs. 18.4). Não são poucos os cristãos que se encontram em igual condição,
vivem debaixo de governos tiranos, mesmo assim se arriscam em prol da justiça.
Na história da igreja nos deparamos com pessoa, como Corrie ten Boom, que se
arriscou para salvar a vida de vários judeus durante a Segunda Guerra,
ocultando-os das forças nazistas.
2. AS CONSEQUÊNCIAS DA
SECA SOBRE ISRAEL
A seca resultou em fome, mas ao invés de se preocupar com as
necessidades do povo, Acabe estava voltado apenas para seus pertences. Ao invés
de encontrar soluções para amenizar a fome extrema em Samaria (I Rs. 18.2), o
monarca buscava meios para preservar suas posses (I Rs. 18.4-6). Naquele
contexto de apostasia um homem, Obadias, reconheceu a autoridade espiritual de
Elias. Mesmo assustado, o servo de Acabe temeu ao profeta do Senhor, e este,
por sua vez, se prontificou a salvar a sua vida (I Rs. 18.14,15). Elias
apresentou-se a Acabe, mas o rei não quis reconhecer o seu pecado, antes culpou
o profeta pela seca, dizendo ser o mensageiro do Senhor um perturbador (I Rs.
18.17). Elias confrontou Acabe e Jezabel, denunciando que a causa da estiagem
não era ele, muito menos o Senhor, mas a desobediência por eles patrocinada (I
Rs. 18.18). Há governantes que agem de igual modo nos dias atuais, eles não
mostram sensibilidade pela situação do povo diante das catástrofes naturais. Há
inclusive aqueles que querem tirar proveito político em tais situações. Como
Acabe e Jezabel, subtraem os recursos públicos, desviando-os para negócios
particulares. A miséria, decorrente de desastres, se transforma em negócio, por
meio do qual vidas humanas são sacrificadas. Aqueles que denunciam tal postura
antiética são rotulados de perturbadores. Mas entre tais governos corruptos e
insensíveis existem aqueles que, assim como Obadias, evitam que as pessoas sejam injustiçadas, ainda que corram riscos.
3. SECAS, ENCHENTES E
DESASTRES NATURAIS
Não podemos generalizar, argumentando que todas as secas, enchentes e
desastres naturais são julgamentos divinos. Não podemos esquecer que a queda do
homem teve efeitos sobre a natureza (Rm. 8.18-22). Jesus reconheceu que os
seres humanos estão debaixo das condições adversas resultantes de catástrofes naturais
(Mt. 7.24-27). Não é correto tentar encontrar uma relação de causa e efeito em
todas as situações de desastres naturais. Ainda que não compreendamos a causa
dos desastres, devemos aprender, com Jeremias, a sentir a dor das pessoas (Lm.
2.19). Ninguém deve ter a pretensão de achar que conhece todos os desígnios de
Deus (Is. 55.8,9). No Antigo Testamento Deus governava a nação judaica
diretamente, por isso o Senhor usava a natureza para recompensar ou julgar o
povo (II Cr. 7.13,14). Essa realidade não pode ser diretamente aplicada ao
contexto do Novo Testamento. Cristo se fez maldição ao ser pregado no madeiro
(Gl. 3.13). Os desastres naturais ocuparão espaço punitivo no plano
escatológico, no período da Tribulação (Mt. 24.27-30; Ap. 6.12-17). A resposta do
cristão diante de secas e enchentes é a de lamentação (Lm. 1.12,13,16),
chorando com os que choram (Rm. 12.15). Elias recebeu a revelação direta do Senhor,
informando às autoridades, naquele tempo, que a seca havia sido resultante da
apostasia. Não podemos, neste tempo, aplicar aquela realidade para situações
particulares.
CONCLUSÃO
O pecado traz desastres para o ser humano, o maior deles é o
distanciamento de Deus, o Criador (Rm. 3.23). Essa é a morte espiritual, que
pode, posteriormente, caso as pessoas não se arrependam, se transformar em
morte eterna (Ap. 20.14). O julgamento de Deus, em Cristo, acontecerá no
futuro, no Trono Branco (Ap. 20.11-15). Secas e enchentes acontecem hoje, mas
porque a natureza geme, em decorrência do pecado do ser humano (Rm. 8.22). Como
cristãos, não devemos julgar povos e nações diante das catástrofes, antes
lamentar, e ajuda-los na necessidade (II Co. 8.9-12).
BIBLIOGRAFIA
GETZ, G. Elias: um modelo de coragem e fé. São
Paulo: Mundo Cristão, 2003.
SWINDOLL, C. R. Elias: um homem de heroísmo e
humildade. São Paulo: Mundo Cristão, 2001.
6 de janeiro de 2013
Lição 02
ELIAS, O
TISBITA
Texto Áureo: II Rs. 1.7,8
– Leitura Bíblica: I Rs. 17.1-7
Marcio Nascimento B.a Thm 0556/02
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje estudaremos a respeito de Elias, o tisbita, um homem
de Deus que com fé e coragem não fugiu da sua responsabilidade. A princípio
destacaremos o chamado de Elias, sua fé e coragem, e ao final, seu exemplo.
Aprenderemos que a vida e a mensagem de Elias inspiram homens e mulheres, até
mesmos os mais simples, a servirem ao Deus Vivo e Verdadeiro.
1. A VOCAÇÃO DE ELIAS
Elias, Elijah em
hebraico, fora vocacionado pelo Senhor já partir do seu nome, cujo significado é
“Meu Deus é Jeová” ou “O Senhor é o meu Deus”. Naquele tempo Acabe e Jezabel,
que estavam no comando do Reino do Norte, se voltaram à idolatria, conduzindo o
povo à apostasia. É nesse contexto que Deus chama Elias, o Seu profeta,
refutando, a partir do seu nome, a apostasia israelita. Elias era de Tisbe, por
isso é denominado de tisbita. A localização dessa cidade não é exata, ainda que
o texto bíblico a situe em Gileade, no norte da Transjordânia, do lado leste do
rio Jordão. Tratava-se de um lugar isolado, fora do mapa, de um povo simples.
Os historiadores afirmam que seus habitantes eram rudes, queimados pelo sol,
musculosos e fortes. Não se destacava pela educação, sofisticação e diplomacia,
Elias, por assim dizer, era “a cara da sua terra”. De certo modo podemos
afirmar que era um homem áspero, sem formação instrucional, a não ser a divina.
O estilo de Elias estava atrelado às suas raízes, por isso não “tinha papas na
língua”, ou seja, falava a verdade, sem arrodeio. De uma hora para outra ele se
apresenta diante do rei Acabe, sem medo ou relutância. Ele vai direto ao
assunto, questionando os procedimentos do casal que se opunha ao propósito de
Deus. Diante da apostasia, sua mensagem era necessária, seu pronunciamento urgente.
Ele foi chamado por Deus para estar na brecha, isso ainda acontece em tempos
difíceis (Ez. 22.30). Como profeta de Deus, surpreendeu seus ouvintes, não
dizendo o que desejavam, mas o que o Senhor orientava. Os mensageiros de Deus
devem proceder de igual modo, pois muitos não querem mais ouvir a Palavra de
Deus (II Tm. 4.1-4). Para tanto é preciso estar sempre diante de Deus, não se
apartar do santo livro, e não deixar de buscar o Senhor em oração.
2. ELIAS, UM HOMEM DE FÉ
E CORAGEM
Elias não fala de si mesmo, como todo profeta, ele é porta-voz de Deus,
pois “veio-lhe a palavra do Senhor dizendo” (I Rs. 17.2). O profeta é um homem
de fé, já que acredita na revelação do Senhor. A fé não está fundamentada no visível,
mas na esperança nas coisas que não se veem (Hb. 11.1). Sem fé é impossível
agradar a Deus, o Senhor exige confiança daqueles que dEle se aproximam (Hb.
11.6). A fé, e por conseguinte, a fidelidade, vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra
de Deus (Rm. 10.17). A fé na palavra de Deus fez com que Elias demonstrasse
coragem para enfrentar a oposição. A igreja também é porta-voz de Deus na
terra, por isso, mesmo com suas limitações, não pode fugir da responsabilidade
(Mt. 16.18). O compromisso da igreja é com a Palavra de Deus, sem esta ela nada
tem a dizer (II Tm. 3.16,17). A voz que impulsionava Elias não vinha de dentro
dele mesmo, mas de fora, para ser mais preciso, de cima. A Palavra de Deus é
fiel e verdadeira, digna de toda aceitação (I Tm. 4.9). A igreja de Jesus
Cristo não deve ter a pretensão de ser politicamente correta (II Co. 4.1,2).
Sua missão na terra é a de ser biblicamente correta, isto é, a de enunciar
todos os desígnios de Deus (At. 20.27). A igreja deve orar pelas autoridades, a
fim de que tenhamos vida tranquila e mansa (I Tm. 2.2). Mas isso não quer dizer
que as igrejas devem ser subservientes, principalmente quando as autoridades se
opuserem à Palavra de Deus (At. 5.29). Para tanto é preciso ter fé e coragem, e
lembrar que Jesus enviou seus discípulos como “ovelhas para o meio de lobos”
(Mt. 10.16).
3. ELIAS NO NOVO
TESTAMENTO
O ministério de fé e coragem de Elias é lembrado no Novo Testamento.
Jesus relaciona o ministério de João Batista ao de Elias, certamente pela
ousadia desses dois profetas (Lc. 1.17). Assim como Elias, João Batista não
tinha receio de anunciar a Palavra de Deus, ainda que as autoridades não
gostassem. Este último foi martirizado por denunciar os pecados dos poderosos
da sua época (Mt. 14.3,4). Durante a transfiguração de Jesus, no monte, o
evangelista Mateus registrou que estavam presentes Elias e Moisés, que falavam
com Cristo (Mt. 17.3; Lc. 9.30,31). A fé da viúva de Sarepta, no seu encontro
com Elias, foi destacada por Jesus, ressaltando a importância daqueles que eram
considerados não povo pelos judeus (Lc. 4.24-26). A realização de milagres por
Jesus fez com que Ele fosse confundido com Elias ressuscitado (Mt. 16.14; Mc.
6.15; 8.28). Tiago, em sua epístola, afirma que Elias era homem semelhante a
nós, mas que orava ao Senhor, sendo esse o motivo dos milagres que realizou
(Tg. 5.16-18). A mensagem e a vida de Elias inspirou vários personagens do
Antigo Testamento. A importância desse profeta fiel e corajoso é atestada pelo
Senhor Jesus Cristo. A vida e a mensagem de Elias devem servir de motivação
para homens e mulheres de Deus desta geração. O Deus da Bíblia continua usando
pessoas simples, os “tisbitas” do nosso tempo, para proclamarem Sua mensagem.
CONCLUSÃO
Tal como Elias, o tisbita, vivemos em contexto de apostasia, as
pessoas não têm compromisso com a Palavra de Deus. Mas Deus, o mesmo de Elias, ainda
vocaciona pessoa, sejam elas cultas ou indoutas, para serem testemunhas
da Sua revelação. Nesses dias tão difíceis, a respeito dos quais antecipou
Paulo (II Tm. 3.1,2), precisamos de fé, sobretudo de fidelidade, para que, com
coragem, sejamos arautos de Deus para esta geração corrupta (Fp. 2.15), sendo sal da terra e luz do mundo (Mt. 5.13-15).
BIBLIOGRAFIA
GETZ, G. Elias: um modelo de coragem e fé. São
Paulo: Mundo Cristão, 2003.
SWINDOLL, C. R. Elias: um homem de heroísmo e
humildade. São Paulo: Mundo Cristão, 2001.
30 de dezembro de 2012
Lição 01
A APOSTASIA
NO REINO DE ISRAEL
Texto Áureo: I Rs. 16.31
– Leitura Bíblica: I Rs. 16.29-34
INTRODUÇÃO
Neste trimestre estudaremos o ministério profético de Elias e Eliseu.
Esses dois homens de Deus foram usados com poder em contexto de apostasia.
Nesta primeira aula discorreremos sobre a institucionalização da apostasia no
reino de Israel. A principio definiremos o significado bíblico de apostasia, em
seguida, seu processo de institucionalização no reino, e ao final, suas
consequências.
1. O SIGNIFICADO BÍBLICO
DA APOSTASIA
A palavra apostasia vem
do grego, e significa “afastamento”, em relação ao abandono da fé. Esse termo é
encontrado apenas duas vezes no Novo Testamento, em At. 21.21 e II Ts. 2.3.
Trata-se de uma extensão da palavra apostasis que quer dizer “manter-se longe
de”. Em II Ts. 2.3 diz respeito ao ato de rebeldia, uma revolta contra os
princípios cristãos. A apostasia vai além da mudança de ideias, isto é, da
perspectiva doutrinária. Ela revela-se também através de atitudes que não são
condizentes com a vontade de Deus. Há no Novo Testamento a distinção entre o
apóstata e o herege, este último pode vir a se arrepender, e até voltar-se para
Deus (Tt. 3.10). Mas não o primeiro, pois em virtude da sua decisão contra o
evangelho, sua situação se torna irreversível (II Ts. 2.10-12; II Pe. 2.17,21;
Jd. 11-15; Hb. 6.1-6). Para alguns estudiosos das Escrituras, a apostasia é, de
fato, o pecado contra o Espírito Santo, para o qual não existe perdão (Mt.
12.31). Em termos doutrinários, a apostasia se caracteriza pela negação da
autoridade bíblica (II Tm. 3.16,17), da realidade do pecado (Rm. 3.23; 6.23),
de Jesus como Único caminho para a salvação (Jo. 14.6; At 4.12); e/ou ênfase na
salvação pelas obras (Jo. 3.16; Ef. 2.8,9). A apostasia, em termos
doutrinários, é uma oposição consciente de alguém que outrora professou a fé
cristã, mas que se voltou contra Deus e a Sua palavra, não apenas em teoria,
mas também na prática. Ao invés de permanecer na Palavra, o apóstata opta pelas
filosofias e/ou religiões humanas.
2. A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA
APOSTASIA
Nos tempos de Elias e Eliseu, a apostasia religiosa grassou o Reino de
Israel. O povo, influenciado pelas autoridades político-religiosas, se
distanciou de Deus. O casamento misto de Acabe com Jezabel é uma metáfora dessa
realidade. Ao desposar essa mulher gentia, o rei de Israel, a fim de agradá-la,
“levantou um altar a Baal, na casa de Baal que edificara em Samaria” (I Rs.
16.32). Como se isso não fosse suficiente, Acabe “fez um poste-ídolo, de
maneira que cometeu, mais abominações para irritar ao Senhor, Deus de Israel que
foram antes dele” (I Rs. 16.33). Acabe e Jezabel representam, nos dias atuais,
os governantes que patrocinam práticas perniciosas que desagradam a Deus. Ele
“se vendeu para fazer o que era mal perante o Senhor porque Jezabel sua mulher,
o instigava” (I Rs. 21.25). A política dos homens, conforme temos acompanhado
através da imprensa, serve apenas aos interesses de uma minoria. O povo sofre
nas mãos desses governantes que querem apenas enriqueceram através dos cofres
públicos. Eles governam com os votos do povo, mas não para o povo, antes contra
o povo. Não apenas prefeitos, governadores e presidentes envergonham a nação,
os vereadores, deputados e senadores também. Muitas leis desnecessárias são
criadas, e que em nada contribuem para o bem social. Alguns deles se elegem
apenas para colocarem o “dia dos evangélicos” no calendário anual da cidade. Os
nãos evangélicos também não se diferenciam desse modelo. Há quem se eleja e a
única “contribuição” é a de colocar o nome de um parente falecido em uma rua
importante da cidade. Eles nada fazem para melhorar a vida das pessoas,
destacando ainda aqueles que criam leis desumanas, absurdas e contrárias aos
princípios divinos, apenas pelos prazer da contestação.
3. AS CONSEQUÊNCIAS DA
APOSTASIA
As consequências da apostasia no tempo de Elias e Eliseu podem ser
percebidas na perda da identidade espiritual. O povo de Israel tinha um Pacto
estabelecido com Deus, sob o qual deveria se pautar. A ruptura dessa Aliança
traria consequências drásticas. O povo de Deus havia se tornado de Baal, não
adorava mais o Senhor, e sim ao deus cananeu da fertilidade. Mas não podemos
incorrer no equívoco de pensar que Deus tem uma nação preferida nos dias
atuais. Na verdade, a nação santa de Deus, o povo escolhido atualmente é a
Igreja (I Pe. 2.9). É através dela que Deus manifesta o Seu poder e a Sua
glória na terra. O plano de Deus em relação a Israel será retomado na dimensão
escatológica, por ocasião do Milênio (Ap. 20). Por enquanto, cabe à igreja agir
no mundo, testemunhado do evangelho de Jesus Cristo, cumprindo a Grande
Comissão (Mt. 28.19,20). Evidentemente, uma nação que se distancia de Deus,
como testificamos em alguns países, inclusive no Brasil, compromete princípios
valiosos. Além disso, precisamos perceber que a apostasia, no contexto
neotestamentário, é um fenômeno individual, ainda que tenha implicações sociais.
Na medida em que as pessoas apostatam da fé, outras são influenciadas pela
incredulidade (I Tm. 4.1,2), dentro e fora da igreja. Igrejas outrora
fervorosas carecem de avivamentos porque a apostasia se espalhou entre seus
membros. A principal consequência da apostasia é o descaso em relação às coisas
de Deus. A palavra dos homens se sobrepõe à Palavra de Deus, o ativismo toma o
lugar da oração, o amor ao mundo substitui o amor a Deus.
CONCLUSÃO
A apostasia de Israel, patrocinada por Acabe e Jezabel, deve servir de
alerta para as igrejas. Muitos crentes, influenciados pelo mundo, estão se
distanciado dos princípios escriturísticos. Os valores difundidos na mídia,
alguns deles incitados pelo governo, estão sendo absolvidos na pauta evangélica.
Ainda que essa nação não opte por Deus, ou o faça por mero nominalismo, a
igreja deve continuar firme em seus fundamentos, como coluna da verdade (I Tm.
3.15), ciente que as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mt. 16.18).
Por isso, com coragem, deve denunciar o pecado e mostrar profeticamente o
caminho da verdade (At. 5.29).